Alckmin diz que governo vai trabalhar para ampliar Plano Safra, mas precisa equalizar juros em alta

Pacote que financia o agro brasileiro, que chegou a R$ 400 bilhões entre 2024 e 2025, deve ser anunciado apenas no meio do ano. Presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB) na abertura da Agrishow 2025
Rogener Pavinski/g1
O presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB) disse neste domingo (27) que o governo federal pretende lançar um volume de crédito superior ao do ano passado no Plano Safra 2025/2026, mas que isso também vai demandar a aplicação de mais recursos para equalizar os juros, que estão em alta. A afirmação ocorreu durante a cerimônia oficial de abertura da Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola do país que acontece esta semana em Ribeirão Preto (SP).
O pacote do governo federal que financia as atividades agropecuárias do país só deve ser anunciado no meio do ano. Para o ciclo 2024/2025, foram destinados R$ 400,5 bilhões para a agricultura empresarial, quase 10% a mais do que no ciclo anterior, mas, devido a problemas na aprovação do orçamento federal, chegou a ser suspenso pela União, antes de ser retomado após uma medida provisória.
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"Nós vamos trabalhar para ter o aumento do valor do Plano Safra e ele certamente vai exigir uma equalização maior em razão do aumento da taxa Selic", disse Alckmin.
Durante a solenidade, também estiveram presentes o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), além de representantes do governo de São Paulo e do agronegócio brasileiro.
"Vou levar sim o pleito do Plano Safra condizente com o tamanho recorde que vai ser a safra agrícola deste ano no Brasil", enfatizou o presidente em exercício.
Maior feira de tecnologia agrícola do país, a Agrishow abre ao público nesta segunda-feira (28) com expectativa de receber cerca de 200 mil pessoas até sexta-feira (2) e de movimentar R$ 15 bilhões em intenções de negócios para os próximos meses.
Em sua 30ª edição, o evento reúne 800 expositores em uma área de 520 mil metros quadrados, o que equivale a mais de 50 campos de futebol.
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Taxa de juros em alta: 'que seja transitória'
Atualmente, a taxa básica de juros da economia está em 14,25%, o que encarece o acesso ao crédito para quem procura linhas de financiamento nos bancos. Cenário que pode mudar, segundo o presidente em exercício, diante de fatores como a queda no câmbio.
"O que é importante: que seja transitória essa taxa de juros alta, porque, na realidade, o dólar caiu, chegou a R$ 6,20, fechou a sexta-feira em R$ 5,70 praticamente, então caiu fortemente o dólar. Isso tinha empurrado a inflação também", afirmou.
Durante a visita ao evento no interior de São Paulo, Alckmin também anunciou um pacote de R$ 80 bilhões pelo BNDES para investimentos na área de inovação, com uma taxa de 4% ao ano.
Ele também destacou o programa "Combustível do Futuro", sancionado no ano passado com o objetivo de estimular o uso de fontes sustentáveis de energia, a redução de ICMS sobre o etanol e a possibilidade de a mistura dele na gasolina chegar a 35%.
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Atualmente, o combustível derivado da cana-de-açúcar e do milho representa 27% na composição, que deve subir para 30% após estudos apontarem a viabilidade de aumento.
"Não tem nenhum lugar no mundo que tem 27% de álcool anidro na gasolina e a lei do Combustível do futuro possibilita em uma primeira etapa chegar a 30%. Os testes foram positivos nos motores pra gente poder chegar a 30%. O etanol está mais barato que a gasolina, então não tem nenhum aumento de preço, pode até ajudar a segurar um pouco, e depois a 35%."
O presidente em exercício Geraldo Alckmin (PSB), além de governadores de Minas Gerais e Goiás, Romeu Zema e Ronaldo Caiado, participaram de cerimônia de abertura da Agrishow em Ribeirão Preto (SP).,
Rogener Pavinski/g1
Safra recorde e expansão de mercados
Alckmin também destacou o bom momento vivido pela agricultura brasileira, com uma safra recorde de grãos projetada para este ano e uma projeção de aumento nas vendas de máquinas e implementos agrícolas que pode superar a casa dos 8% até então anunciada pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
"Devemos ter este ano uma safra recorde. O clima está ajudando até agora. A Abimaq previa um crescimento de 8% na indústria de máquinas, mas tivemos no mês passado 24% de crescimento, então pode até ser revisto ese valor para mais alto ainda."
O presidente em exercício também apontou o potencial de o Brasil abrir novos mercados, sobretudo após as tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
"A questão dos Estados Unidos não é boa pra ninguém. O ideal é a gente sempre promover multilateralismo e livre comércio com regras. Agora, ela vai abrir oportunidade para o agro brasileiro, o agro pode ter mais oportunidade ainda de exportação."
Entrada da Agrishow, em Ribeirão Preto
Rodolfo Tiengo/g1
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